Crianças e doações na Índia


Em 2013 eu fui para a Africa do Sul onde trabalhei como voluntária. Uma das razões que me fizeram decidir viajar para trabalhar foi o fato de que eu iria viajar sozinha, e dessa forma, poderia conhecer pessoas diferentes. Como eu iria ficar apenas um mês não quis fazer um curso de inglês ou algo do tipo, claro que eu não sou contra, cada um escolhe a opção que se encaixa melhor! E a minha escolha foi o trabalho voluntário.

Quando comecei a planejar ir para a Índia, lá pro final de 2013 logo depois que voltei da África, eu estava planejando uma nova viagem sozinha. Todo mundo pra quem eu falava sobre a Índia me olhava com cara de espanto e então eu nem convidava rs

Conforme foi passando o tempo, decidiu ir a minha mãe e a minha irmã (a minha mãe decidiu ir ao ver a minha experiência na África, onde ela dizia que a vida toda não havia aproveitado 1% do que eu já aproveitei). A Índia é um dos países do mundo com a maior imersão cultural e com os maiores contrastes comparando com a sociedade que vivemos.

Enfim, viajar em grupo foi uma experiência nova pra mim. Passei o ano todo de 2014 pesquisando e buscando informações sobre a Índia igual provavelmente você faz quando vai viajar para algum lugar diferente (espero que esse blog esteja ajudando), e o trabalho voluntário dessa vez não foi uma opção justamente porque eu não estava sozinha. E a não ser que o seu grupo pretenda fazer o mesmo que você, você não pode impor nada. Em grupo prevalece sempre a democracia!

Leia mais sobre Trabalho voluntário clicando aqui.

Mesmo não indo para a Índia para trabalhar, eu considerei outra opção que se encaixa no contexto social do trabalho voluntário que seria levar doações.

O guia da Índia que nos acompanhou nos primeiros dias da nossa viagem e com quem eu já estava conversando a meses, nos deu uma opção de levar doações, e dessa forma a agencia dele poderia promover um momento durante a viagem para que entregássemos para crianças de um hospital de Jaipur.

Comecei uma campanha pequena no meu facebook pedindo doações de brinquedos e roupas usadas (que estivessem em boas condições), explicando que eu levaria para a viagem e que seria doado a crianças de um determinado local. A campanha teve uma aceitação muito boa, e recebi várias doações de roupas e brinquedos de filhos de amigos que não usam mais, recebi doações de um colega que havia perdido sua filha a pouco tempo, outras coisas eu comprei, outras coisas colegas compraram e me entregaram, e dessa consegui levar o que foi possível colocar nas malas/mochilas.

No ano passado eu ganhei de presente de aniversário um livro fantástico chamado “Em busca de um final feliz”. Nesse livro uma jornalista que viveu durante quatro anos em uma das maiores favelas de Mumbai na Índia, escreve uma história real sobre os moradores do local. Nesse livro é contado o quanto de corrupção existe no local, onde ONG’s são abertas apenas para arrecadar dinheiro, orfanatos que entregam roupas doadas para as crianças apenas para tirar foto e depois tomam as doações das crianças e vendem, histórias de orfanatos onde as crianças são expulsas quando crescem um pouco devido ao fato de que crianças menores comovem mais e assim recebem mais doações. Enfim, me deixou uma imagem triste da Índia, e por isso pesquisei bastante antes de decidir levar doações para lá.

No meu terceiro dia em Jaipur na Índia, fomos logo cedo no hospital onde as doações seriam entregues. Em um auditório estavam sentadas em torno de umas 30 crianças nos aguardando. Foi muito fofo ouvir todas elas dizerem de uma só vez: Namastê!

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Crianças na Índia – Foto Namastê

Posso dizer com toda a certeza do mundo que foi um dos melhores dias da viagem pra mim. Foi muito legal ver que apesar de elas terem ficado felizes com o que ganharam, as crianças pareciam ainda mais felizes com a nossa presença lá. Nos abraçavam, beijavam, ficavam desesperadas pra tirar foto, se encantavam com cada coisa que viam e nos proporcionaram uma experiencia memorável.

Entregamos somente uma parte das doações, e agência ficou de entregar o resto depois. No hospital há mais de 1000 crianças e por isso eles levaram apenas uma parte para o auditório. Depois recebi fotos das crianças recebendo as outras doações.

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O restante das nossas doações sendo entregues pela Meena.

Pode ser que algumas pessoas pensem: Aqui no Brasil tem tanta oportunidade, porque viajar para outro país para fazer doações? Bom, eu já iria viajar de qualquer jeito, e sempre penso, já que estou indo viajar e sei que o local precisa de ajuda, porque não aproveitar a viagem e contribuir com o lugar de alguma forma?

Tem um texto do Paulo Freire que conseguiu expressar em palavras as pequenas ações que fazemos para ajudar uma outra pessoa independente de onde estamos:

“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”

Ficou alguma dúvida? Me escreve que ajudo a esclarecer!

Namastê :o)

 

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8 comentários sobre “Crianças e doações na Índia

    • Oi boa tarde! tudo bom?
      Olha, eu fiquei 25 dias lá, mas nos primeiros 5 dias fui a partir de um guia la da India mesmo. Foi com ele que vi as doações para um hospital local! Mas não fiz nenhum tipo de cadastro…levei tudo na mala mesmo!
      O que você pode fazer é procurar por ONG’s de trabalho voluntário e levar doações! Se quiser te ajudo a pesquisar…alguns lugares (isso em todo o mundo) não são sérios e podem usar as doações para outro destino… 😦

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