O senhor é o que?


Essa é sem dúvida a história de um dos maiores micos da minha vida. E pra te colocar no contexto, vou começar a história de quando decidi fazer trabalho voluntário.

Quando eu era mais nova o meu sonho era fazer Relações Internacionais, um dos motivos principais é porque eu queria ser Diplomata e poder fazer algo para mudar o mundo. Por diversos motivos eu mudei o meu caminho, e fico até feliz que isso tenha acontecido, mas uma coisa não mudou e quando eu me formei na faculdade no final de 2012 decidi buscar algo que me fizesse sentir que poderia mudar a vida de alguém.

Foi então no começo de 2013, quando eu estava procrastinando no facebook que vi um post de uma página chamada ONG Brasil, falando de inscrições para ser voluntário em hospitais pela ONG Canto Cidadão. Nesse momento uma lâmpada acendeu na minha cabeça.

Voluntário em hospitais tinha um papel de doutor palhaço, assim como os doutores da alegria e o Patch Adams (que teve sua história contada no cinema, sendo interpretado por Robin Williams). O filme é encantador, e esse tipo de trabalho é algo que brilha os olhos e te faz pensar: “Caramba, gostaria de fazer isso um dia!”E numa dessas, disse pra mim mesma que só vivo uma vez e por isso não deveria apenas ter ambição com algo que vejo na TV, mas sim ir lá e fazer!

 

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Robin Williams e Patch Adams

 

Então eu liguei para o  Canto Cidadão que é uma ONG que fica em São Paulo, e a moça que atendeu me explicou que a maior parte dos trabalhos voluntários eram em São Paulo e não na minha cidade. Hoje seria mais fácil, já que moro parte da semana em São Paulo e parte da semana em São José dos Campos…mas na época eu morava apenas em São José dos Campos e mesmo assim decidi me arriscar.

Somente para conseguir uma vaga no curso, eu precisei realizar cerca de 12 tarefas que faziam parte do programa Caminho do Protagonista, e dentro das tarefas incluía: Conseguir 5 doadores de sangue, ir a uma palestra sobre voluntariado, dar uma palestra sobre voluntariado para pelo menos 10 pessoas, fazer uma limpeza de um local público, listar os candidatos que votei nas últimas eleições, fazer uma reclamação formal na ouvidoria da minha cidade, visitar um orfanato, visitar um asilo…dentre outros.

Pode parecer pesado, mas o objetivo principal dessas tarefas é separar quem realmente quer ser voluntário com responsabilidade, e quem quer apenas tirar uma foto para o facebook e não participar mais. E então eu fiz as atividades, e confesso que uma das mais difíceis foi conseguir os doadores de sangue. Juro pra você que eu espero nunca precisar de uma doação, porque foi muito mas muito difícil conseguir. E espero que um dia as pessoas tenham mais empatia umas pelas outras.

E é aqui que começa a minha história.

Assim como eu falei acima, uma das atividades que eu precisei realizar foi a visita a um asilo da minha cidade. Algumas pessoas tem dificuldades de visitar hospitais, áreas infantis em hospitais e orfanatos. A minha dificuldade é visitar asilos, mas o motivo eu explico um outro dia. Por coincidência uma grande amiga precisaria fazer uma atividade pra faculdade dela e ir visitar um asilo, então em um domingo de outono eu me juntei ao grupo dela e fomos a um asilo no centro de São José dos Campos.

O asilo tinha uma área em comum sendo parte coberta e parte aberta, onde os velhinhos ficavam assistindo tv, conversando ou passando o tempo. No começo ficamos em grupo ouvindo as histórias dos velhinhos, as vezes felizes e as vezes nem tanto. E depois de um tempo no asilo nos separamos e que bom que isso aconteceu e não tive muitas testemunhas.

Eu e uma colega dessa minha amiga, encontramos um velhinho sentado no sofá e fomos conversar com ele. Era um pouco difícil entender o que ele falava, e foi nesse momento que ele virou e me disse:

_”Eu sou ãnnhelo” (foi exatamente assim)

-O senhor é o que?

_”Eu sou ãnnhelo”

–  O que? Ainda não entendi.

_”Eu sou ãnnhelo!”

-AHHHHHH O senhor é banguelo?

-“NÃO! Eu sou evangélico”

……………………………..Pausa para a minha dignidade retornar………………………………

Na hora eu pensei “caraca (usei um palavrão) porque não falou certo da primeira vez?” kkk Meu rosto começou a queimar de tão vermelha que eu devo ter ficado,  a colega da minha amiga me olhou como se não tivesse entendido o que tinha acabado de acontecer (e espero que não), e a minha única vontade era de enfiar a cabeça debaixo da terra e desaparecer de lá. Por sorte acho que nem o velhinho acreditou no que tinha acontecido, ou deve ter pensado que eu sou muito idiota desatenta mesmo.

…………………………Nova pausa para a minha dignidade……………………………………..

E você? Qual o seu maior mico? Espero que não tão idiota quanto o meu kkk

ema_vergonha(1)

Imagem meramente ilustrativa 🙂

 

LINKS

Trecho do filme “Patch Adams, o amor contagia”. Clique aqui

Trecho de uma entrevista com o verdadeiro Patch Adams. Clique aqui

 

Até a próxima!

Abraços :o)

 

 

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